
Oficina LEPEHIS: Narrativas em Disputa: O Embaraço das Memórias Coletivas e Individuais sobre Patrimônios Culturais
COORDENAÇÃO: Jennyfer Lorraine do Carmo Pereira (Graduanda/Faculdade de História/UFG); Barbara Jesus Rodrigues (Graduanda/Faculdade de História/UFG); Cleidiomar Martins Costa Filho (Graduando/ Faculdade de Informação e Comunicação/UFG)
DATA: 1º e 3 de outubro de 2024 - 8h às 12h
CARGA HORÁRIA: 8 h
EMENTA: Com base nas discussões acerca do conjunto de circunstâncias que culminam na patrimonialização de um bem material ou imaterial, é possível assimilar que nem sempre a memória pessoal dos indivíduos integrantes da sociedade, relacionados a este bem, é respeitada quando determinadas referências culturais são colocadas em protagonismo. Contudo, sabe-se que as ações empreendidas no passado são constantemente reivindicadas no presente. Em vista disso, alguns questionamentos devem ser suscitados: é possível, coletivamente, se aprender a recordar e a esquecer sobre narrativas, memórias e patrimônios? Seria qual a localidade mais comum de ocorrência desta atividade? Ademais, como seria possível, vide o exposto, promover sua discussão, digamos, no ambiente escolar? (ASSMANN, 2011; LERIAS, 2022). Acreditamos que episódios de violência simbólica ocorrem no ato de apagar de modo deliberado as lembranças de um povo, gerando, dessa maneira, a problemática do esquecimento involuntário dos demais componentes da comunidade ao deslegitimar as vivências próprias de determinados sujeitos. Dado que, ao retirar a soberania das memórias dos indivíduos, que é o elemento mais importante para a constituição de suas identidades, “na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si” (POLLAK, 1992, p. 5). Isto é, a memória é o elo que conecta o passado e o presente, trazendo consigo a herança da transmissão de experiências, conhecimentos e valores. Eliminar lembranças é um processo caro, pois sua remoção compromete a própria existência de determinados indivíduos, que sem elementos de alteridade, podem não continuar a realmente possuir vida. É neste âmbito que urgem as reivindicações de inclusão e visibilidade provenientes de comunidades marginalizadas, a título de exemplificação. Nesse prisma, pretendemos apresentar e promover o debate e a reflexão a respeito dos processos de comunicação na cristalização de narrativas, em sua relação com a memória pessoal e pública, partindo dos bens patrimoniais. Defendemos que a disseminação de discursos institucionalizados sobre patrimônios são motivados a incidir nesta fossilização da memória social. De modo a reverberar ainda mais os discursos tidos como “narrativas originais” e resultando, assim, em uma reação em cadeia repetitiva, que corrobora para “homogeneizar” sua legitimação universal. (POLLAK, 1992; MOSCOVICI, 2007). Debates deste tipo, comumente se entrelaçam na disputa de narrativas e consequentemente no campo das Histórias Sensíveis, área que surge para refletir acerca das histórias que envolvam trauma, angústia, violência, medo, entre outros. Assim sendo, impossível seria a maquinação destes conceitos apresentados sem o seu emprego como agente intermediador de ambas as partes aqui mobilizadas, a Comunicação e a Educação Patrimonial, visto que as discussões acerca das questões sensíveis perpassam a memória, e o tempo vigente, “quando a escola é chamada a ensinar o trauma e a violência” (GIL; MESQUITA, 2020, p.4), situando assim esse debate em nossa experiência cotidiana. (VON BORRIES, 2016). Isto posto, e reiterando Alberti (2014, p. 2); “estamos no terreno das memórias em disputa, que tem na escola um de seus palcos políticos talvez mais evidentes. Escolher trabalhar com esses temas implica, como eu disse, correr riscos.”. Logo, querer e ter fôlego para que se vá contra a corrente, especialmente em locais de formação educativa de cidadãos, ou seja, as escolas, é comprar briga com a narrativa veiculada e ter claro tal imperativo ser preciso, para que se possa escolher melhor as armas para o combate. Porém, qual a precisão deste conflito? É um dos pontos que se pretende discutir para mais nesta oficina.