OFICINAS LEPEHIS 2025/1
1.Emoções, subjetividades e narrativas históricas: o cinema documental brasileiro como fonte na Didática Reconstrutivista da História
A Matriz da Didática Reconstrutivista da História busca reconstruir o processo de elaboração do conhecimento histórico pelos historiadores na sala de aula (Schmidt, 2020, p.133). A participação dos discentes em todos os processos de construção deste conhecimento permite a constituição de um sentido histórico pleno (Schmidt, 2020, p.134). Desse modo, a utilização de fontes primárias - entendidas como a base do trabalho historiográfico - nas aulas de história se torna fundamental. Nesta oficina, atribuímos centralidade às fontes cinematográficas. A relação entre História e Cinema é permeada por diversas tensões e discussões teóricas que tentam delimitar o seu lugar nas pesquisas historiográficas. Partimos do pressuposto de que as produções cinematográficas podem ser utilizadas como fonte de história, pois conservam vestígios concretos do passado, expressando “o espírito de seu próprio tempo” (Lagny, 2005, p.114-115). Desse modo, cada produção consiste em um dos diversos registros primários de uma época, uma das evidências de um processo, evento ou contexto histórico, que deve ser cotejada com outros tipos de documentações para a construção do conhecimento histórico (Napolitano, 2005, p.243). Ademais, a utilização do cinema tanto nas pesquisas acadêmicas, quanto na práxis do ensino de história perpassa a discussão acerca dos limites entre a subjetividade e a objetividade na construção da própria disciplina enquanto ciência. Isso é notório a partir da percepção de que os filmes, de forma simultânea, apelam à subjetividade e às emoções, mas também são permeados por objetividades e realismos (Napolitano, 2009, p.12). Desse modo, a oficina trabalhou com a ideia de que a união entre emoção e cognição possibilita uma compreensão mais elaborada dos eventos para a construção de narrativas históricas pelos discentes (Löfström, 2022, p.5); visto que a orientação temporal proporcionada pela consciência histórica é permeada pelas emoções dos próprios sujeitos (Fronza, 2020, p.89-90). Portanto, utilizamos as narrativas cinematográficas como fonte/documento em si no interior da matriz reconstrutivista da Didática da História (Napolitano, 2009, p.20; Schmidt, 2020, p.139). Nesta oficina, focamos na utilização de curtas-metragens e longas-metragens documentais brasileiros que se distanciam dos padrões hollywoodianos comerciais, estéticos e temáticos, com o objetivo de fomentar a ampliação dos repertórios culturais dos participantes (Napolitano, 2009, p.30).
2. Marginália - Histórias e memórias
Apresentação do livro "Marginália- Histórias e memórias", obra organizada pelos professores Djalma Oliveira e Deborah Oliveira e pesquisada e escrita pelos alunos do Colégio estadual professor José Lopes Rodrigues.
3. Produção de bonecas Africanas
A oficina visou desenvolver um projeto de produção de bonecas africanas que valorize a cultura, a arte e a tradição africana, promovendo a inclusão social e a geração de renda para comunidades locais.
4. Chico Buarque no nono ano: as músicas de protesto como compreensão da Ditadura Civil Militar
A oficina tratou do uso das músicas Geni e o Zepelim, Pedro Pedreiro, Cálice, Acorda amor e Angélica como fontes para a compreensão do período da Ditadura Civil Militar. Partindo dos elementos-chave da música, cada grupo pensou em transformar as críticas à ditadura, presentes nas canções, em algo concreto a fim de que demonstrassem o que o autor relatou sobre o período em questão.
5. Da tristeza à expressão: O impacto do luto e da melancolia nas narrativas históricas
O objetivo dessa oficina foi explorar o impacto do luto e da melancolia nas narrativas históricas, entendendo como o sofrimento coletivo e individual moldam a construção do passado e suas representações. A partir de uma análise interdisciplinar, foram abordadas as relações entre memória e a melancolia, observando como esses elementos influenciam nas expressões artísticas, discutindo como o luto é refletido nas artes visuais e na literatura, e como esses processos influenciam na compreensão do passado e podem ser educativos e culturais.
6. Áreas de atuação para além da licenciatura
O objetivo da oficina foi auxiliar os ingressantes do bacharelado e da licenciatura a identificarem possibilidades de carreira fora da área da educação nas escolas. A oficina é proposta por dois bacharéis formados na UFG no antigo quadro. Será demonstrada a atuação em arquivos, museus, centros de memórias e instituições públicas. Além disso, como procurar vagas na área e fazer contatos. Trata-se de uma oficina de prática profissional. Aos discentes será demonstrado como obter o registro profissional.
7. História de Alexânia e Olhos D'Água: narrativas, personagens e lugares de memória
A oficina teve como objetivo apresentar e discutir a história do município de Alexânia e distrito de Olhos D'Água, localizados no Estado de Goiás. A partir de uma abordagem interdisciplinar, que dialogou com a História, a Memória e o Patrimônio, foram analisadas as narrativas sobre a formação e o desenvolvimento dessas localidades, destacando o papel de diferentes personagens e grupos sociais na construção de suas identidades, abordando também o estatuto de cidades, focando na disputa entre as duas que se desenrola a partir da transferência da sede do município nas décadas de 50/60.
8. Metodologia Científica e Inteligência Artificial: Aplicações, Integridade Acadêmica e Vieses Cognitivos e Algorítmicos
A oficina "Metodologia Científica e Inteligência Artificial: Aplicações, Integridade Acadêmica e Vieses Cognitivos e Algorítmicos" teve como objetivo aprofundar a compreensão das interseções entre a pesquisa científica e as tecnologias de Inteligência Artificial (IA), destacando suas aplicações práticas, desafios éticos e limitações inerentes. Inicialmente, foram apresentados os fundamentos da IA e suas aplicações na pesquisa acadêmica, com ênfase em ferramentas como o ChatGPT e seu potencial para automatizar e otimizar o processo de revisão de literatura científica (Rodrigues; Brandão; Trivelato, 2024). Em seguida, discutiu-se a importância da competência informacional para o uso eficaz dessas tecnologias, abordando as habilidades necessárias para a utilização estratégica de ferramentas de IA generativa em demandas acadêmicas e científicas (Silva, 2023). Questões éticas relacionadas à integridade acadêmica, como plágio e propriedade intelectual, foram analisadas, considerando os impactos do uso indevido de IA na produção científica (Barreto e Ávila, 2023). Além disso, examinou-se os vieses cognitivos e algorítmicos que podem influenciar os resultados gerados por sistemas de IA, discutindo os desafios éticos e sociais vinculados à integração da IA no processo de pesquisa (Niderost, 2021). Ao final, os participantes foram incentivados a refletir criticamente sobre o uso responsável da IA na pesquisa científica, reconhecendo suas potencialidades e limitações, e discutindo estratégias para mitigar possíveis vieses e assegurar a integridade acadêmica.
9. A África que as grandes mídias não mostram para você!
A oficina teve como objetivo principal demonstrar de forma prática como podemos fazer o bom uso das redes sociais e inclusive usar os recursos tecnológicos que as mesmas nos oferecem a nosso favor. Para atingir esses objetivos, propôs-se em um primeiro momento entendermos como as imagens negativas e estereotipadas do continente africano foram construídas ao longo dos séculos. Após, foi apresentado um recurso presente na rede social Instagram. Esse recurso nos permite entrar em contato com imagens postadas dos vários países do continente africano, sem o filtro das grandes mídias. Após essas análises, cada um fez a escolha de uma imagem colhida do filtro e propor uma exposição.
10. A história da educação: objetos, fontes e historiografia
A oficina propôs conhecer o campo da História da Educação, os objetivos, fontes e historiografia.
11. Conhecendo o Arquivo Histórico Estadual de Goiás (AHEG)
O Arquivo Histórico Estadual de Goiás, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), é responsável por preservar e organizar os documentos mais antigos e significativos do Estado. Criado em 1944, com diversas mudanças ao longo do tempo, o arquivo tem como objetivo resgatar e divulgar a memória histórica de Goiás, por meio da guarda, organização e pesquisa de documentos. Seu acervo inclui: Códices com mais de 2 mil volumes de documentos históricos, como previsões e patentes; documentação Avulsa, com 1,61 mil caixas de documentos de 1731 a 1973; 281 títulos de jornais; e plantas arquitetônicas de Goiânia dos primeiros anos da cidade (1936-1940). Esse material é essencial para estudos e pesquisas sobre a história de Goiás. Assim, esta oficina buscou proporcionar uma imersão no funcionamento do Arquivo Histórico Estadual de Goiás, oferecendo aos participantes a oportunidade de compreender como os documentos são organizados, preservados e acessados. A oficina abordou a relevância do Arquivo Histórico na preservação da cultura e da identidade goiana, incentivando o uso do arquivo para pesquisas acadêmicas, históricas e culturais. Os participantes tiveram uma visão aprofundada sobre a organização e a importância do Arquivo Histórico de Goiás, promovendo uma maior valorização do patrimônio documental do Estado. Essa experiência permitiu uma compreensão mais profunda sobre o valor do Arquivo Histórico Estadual para a preservação da memória de Goiás e como ele serve como ferramenta para estudos e pesquisas.
12. O Arquivo Histórico Ultramarino (AHU): como utilizar?
A oficina apresentou o Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) e desenvolveu estratégias para usá-lo na educação básica e na pesquisa documental.
13. Da Olimpíada para a Sala de Aula: Aprendendo História com a ONHB
A oficina teve como objetivo refletir sobre a experiência da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB), compreendendo sua metodologia, principais desafios e contribuições para a aprendizagem histórica dos estudantes da educação básica. Ao longo de dois encontros, foram apresentadas a proposta da Olimpíada, o formato das questões e tarefas, as experiências com estudantes do 7º, 8º e 9º anos, além do uso de fontes históricas, da interdisciplinaridade e do trabalho em equipe. Também foram experimentadas estratégias didáticas aplicáveis à sala de aula, com o propósito de promover a formação dos estudantes e subsidiar os docentes no aproveitamento das fontes históricas disponibilizadas pela Olimpíada.
14. HQs com a Fessora - criação de quadrinhos como ferramenta para docentes
Line Lemos é artista, quadrinista e zineira não-binária de Belo Horizonte. É Mestre em História e estudante de Artes Plásticas. Autora dos quadrinhos Artistas Brasileiras (Prêmio HQ MIX Homenagem 2019), FOGO FATO e Fessora! Nesta oficina, Line Lemos apresentará e discutirá o processo de criação em torno da obra "Fessora!". O livro em questão traz quadrinhos autobiográficos navegando o cotidiano de uma professora de história novata do Ensino Básico, com uma perspectiva crítica e humorada. Foi publicado com recursos da Lei Aldir Blanc e de uma campanha de financiamento coletivo. A oficina estimulou uma reflexão criativa envolvendo arte e ensino de História através dos quadrinhos. A oficina ocorreu em 20-05, no turno matutino, integrando as atividades do II Colóquio Internacional História Gráfica.
15. Pesquisa em História: estratégias para a investigação histórica por meio do filme documentário
A oficina teve como objetivo explorar e discutir aspectos pontuais direcionados para a compreensão dos elementos que compõem a pesquisa no processo de análise em História, recorrendo ao audiovisual como fonte, objeto e agente histórico. Para atingir esse objetivo, recorreu-se aos documentários do cineasta mexicano Francesco Taboada Tabone e, após o primeiro momento de apresentação dos elementos da pesquisa, prescrutaram-se os documentários valendo-se de abordagens metodológicas direcionadas para interpretação do audiovisual. Após essas etapas, realizou-se um breve exercício de leitura e interpretação da imagem.
16. Relatos gráficos em formato de quadrinho como fonte histórica: Dificuldades, produção e desenvolvimento
A oficina discutiu os desafios inerentes ao processo de produção de sínteses visuais, a partir da noção de "relatoria gráfica". A proposta foi a de explorar a representação gráfica enquanto um recurso não apenas para sintetizar e apresentar conteúdos de forma didática, mas também de pensar tal processo como dotado de significação estética por si só e, por isso, dotado de um potencial para o exercício de processos criativos e artísticos em sala de aula. Consideramos que este pode ser um recurso a ser bem explorado tanto professores quanto por estudantes em sala de aulas na Educação Básica.
17. Teoria e prática da Estética da recepção: um estudo de Os Miseráveis, de Victor Hugo
Hans Robert Jauss, filósofo e historiador, propôs o método de análise literária conhecido como estética da recepção. Em sua aula inaugural em Constança, proferida em 1967 e intitulada A história da literatura como provocação à teoria literária, Jauss argumentou que a análise tradicional das obras literárias – focada no conteúdo, na forma e no gênero, aspectos há muito explorados pelos teóricos – não era suficiente para abarcar toda a complexidade do estudo literário (Jauss, 1967). Nessa aula, Jauss introduziu uma perspectiva diacrônica que permitia analisar a obra pela mobilidade histórica de seu conteúdo, indo além da análise estrutural e sincrônica previamente estabelecida. Ele argumentou que as abordagens formalista e marxista não eram suficientes para uma análise completa da literatura. Segundo Jauss, essas formas de análise estrutural restringiam a obra a pontos e tempos específicos, negligenciando o papel fundamental do leitor, que era, segundo ele, ator principal na atribuição de significado ao texto literário (Jauss, 1990). A partir desse momento de abertura do debate sobre a estética da recepção, outros pesquisadores surgiram com o propósito de aperfeiçoar a metodologia de Jauss. Um dos mais importantes, que focou também na análise do romance, foi Wolfgang Iser, principalmente em seu livro O ato da leitura: uma teoria do efeito estético, publicado pela primeira vez em 1976. Por meio desse livro, Iser buscou desenvolver pontos na estética da recepção, com o objetivo de aprimorar a abordagem metodológica e sua aplicação nos estudos literários — pontos esses que serão abordados no curso proposto em questão. Com isso, partindo dessa abordagem mais abrangente da análise da arte e de sua mobilidade temporal, esses autores - Jauss e Iser - desenvolveram suas perspectivas de análise literária centradas no leitor. Com base nessa metodologia proposta por esses pesquisadores, este curso busca apresentar aspectos específicos e introdutórios da estética da recepção. A ideia é complementar as práticas de estudos literários dos alunos e introduzir novas perspectivas, que são pouco exploradas nos cursos de graduação em História e também pouco exploradas nas pesquisas sobre recepção no Brasil, conforme aponta Zilberman (1999). Este curso visa, portanto, explorar primeiramente o conceito de estética da recepção, conforme trabalhado por Jauss em sua aula inaugural de 1967. O objetivo é explicitar o ponto de vista do pesquisador sobre essa forma de estudo literário e destacar a importância do leitor como agente histórico na interpretação da arte (Jauss, 1994). Dessa forma, foi apresentada a perspectiva de Wolfgang Iser sobre o leitor implícito. Essa concepção introduziu a ideia de um leitor/receptor histórico, dotado de consciência, cuja vivência prévia – seja por consumo e/ou estudo da arte – influencia a interpretação. Isso demonstra que o receptor não é uma “tábula rasa”. Além disso, Iser sugere que o produtor da obra considere esse leitor ao criar sua arte, permitindo que o receptor interprete e atribua sentido ao conteúdo (Iser, 1996). O objetivo, para além do caráter introdutório, foi apresentar uma aplicação metodológica aos alunos participantes da matéria. Para isso, a fim de demonstrar, de forma didática, sua aplicação prática foi realizada conforme a análise do livro Os Miseráveis (1862) de Victor Hugo e as páginas do jornal A Cruz (1862), que produziu um grande texto sobre o romance. Assim, uma das aulas foi dedicada a discutir uma parte do romance Os Miseráveis (1862) de Victor Hugo, visando fornecer conhecimento prévio sobre o texto que será analisado no jornal A Cruz (1862). Houve também uma aula demonstrativa sobre como localizar os registros da recepção dessa obra na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Nas últimas aulas, utilizando essa metodologia, foi buscada a participação interpretativa dos alunos. O professor disponibilizou páginas do jornal A Cruz (1862) para que os estudantes realizassem sua própria interpretação dos textos publicados sobre o livro Os Miseráveis (1862). Essa atividade possibilitou o debate sobre as diversas interpretações possíveis do texto e permitiu que os alunos demonstrassem a aplicação prática da estética da recepção.