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Oficina LEPEHIS: “Por que História Medieval?”: potencialidades e contribuições da História Ibérica Medieval na pesquisa e construção de Objetos de Aprendizagem

COORDENAÇÃO: Adriana Vidotte (Doutora em História, docente FH/PPGH-UFG); Saymon da Silva Siqueira (Mestre, discente do PPGH-UFG)

DATA: 15 de outubro de 2024 - 14h às 18h

CARGA HORÁRIA: 4 h 

EMENTA: Como afirmou Rezakhani (2020, p. 19-37), temos uma relação ambígua com a Idade Média. Ora, negada, distante e estrangeira. Ora, é próxima, um passado vivo empregado para os mais variados fins. “As mais vulgares dessas práticas utilizam o procedimento clássico dos paralelos: vociferam Deus Vult e inundam a internet com releituras da ‘descoberta’ do Brasil no âmbito de uma ‘Última Cruzada’”. Assim sendo, é fundamental compreendermos as renovações epistemológicas que vêm ocorrendo no campo da história medieval, nacional e internacionalmente. Segundo, Bertarelli e Amaral (2020, p. 97-130), “as palavras recriar ou reconstruir a idade média referem-se a abordagens diferentes do que àquelas que investigam as permanências do mundo medieval na modernidade ou mesmo na contemporaneidade”.  A postura intelectual que busca por permanências liga-se certamente à tradição da historiografia francesa inaugurada por Jacques Le Goff. A chamada longa Idade Média não simplesmente prescinde dos marcos cronológicos tradicionais, mas, sim, centraliza a Europa como paradigma conceitual. Além disso, em grande medida, essa historiografia, vinculada aos grandes modelos analíticos europeus, ainda defende um demasiado estatuto de cientificidade e neutralidade.  Questionando essas perspectivas, temos a perspectiva denominada medievalismo. Trata-se de um termo originado do debate que se desenvolve considerando a realidade americana, e as apropriações realizadas à luz de questões contemporâneas. Assim sendo, Leslie Workman, um dos fundadores desse campo de estudos nos Estados Unidos, definiu que “não se trata, portanto, de analisar as reminiscências ou permanências do período, mas estudar o contínuo processo de recriar, reviver, rememorar ou se reapropriar do passado medieval, considerando o processo sempre através da relação com o presente”. A teoria do medievalismo, portanto, não é única, possibilitando falar em medievalismos, porém, conjuntamente, reconhece-se que a Idade Média não é uma temporalidade, mas, sim, um conceito, uma categoria móvel, que pode ser usada em qualquer espaço e sociedade, tendo consciência de que se trata de um período que acabou e que se deseja reviver ou imitar por alguma finalidade. É nessa esteira que se procura evidenciar a pertinência e contribuição desta proposta/oficina. Não visando procurar unicamente “heranças medievais”, mas de pensar as contribuições no processo contínuo de invenção da idade média. O esforço é o de superar o distanciamento criado entre a produção acadêmica e a sociedade. Como frisaram Bertarelli e Amaral (2020, p.122), a constituição de um campo de estudos exclusivo e distante não melhorou em nada a condição de proximidade entre o público amplo e as produções elaboradas pela academia. Se isso tivesse realmente ocorrido, “a nova direita brasileira não teria se apropriado do medievo, através da ideia cruzadística Deus Vult, por trás da qual, cria-se uma continuidade histórica entre a Europa e o Brasil”. O roteiro básico para o encontro consistirá em dois momentos, a saber: primeiramente, discutir o aparato teórico-metodológico mobilizado, enfocando, sobretudo, no Medievalismo e Historiografia Ibérica, para na sequência, efetuar um estudo de caso do objeto de aprendizagem Conquista de Córdoba, a fim de elucidar as possibilidades metodológicas e educacionais partindo da elaboração de um Objeto de Aprendizagem (OA), empregando softwares livres/gratuitos.

 

Referências

SAYMON DA SILVA SIQUEIRA. Conquista de Córdoba, 2023. Página inicial. Disponível em: https://conquista-de-cordoba.netlify.app/. Acesso em: 29 abr. 2024.

BERTARELLI, M. E.; AMARAL, C. O. Longa Idade Média ou apropriações do medievo? Uma reflexão para se descolonizar a idade média através do medievalismo. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v. 13, n. 33, p. 97-130, 7 ago. 2020.

REZAKHANI, Khodadad et al. Decolonizar a historiografia medieval. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v. 13, n. 33, p. 19-37, 2020.

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