OFICINAS LEPEHIS 2024/2
CONFIRA AQUI A PROGRAMAÇÃO GERAL
OS FORMULÁRIOS ESTARÃO DISPONÍVEIS NO SITE DO LEPEHIS E DA FH, 15 DIAS ANTES DO INÍCIO DE CADA OFICINA, NA ABA DE NOTÍCIAS.
1. Do Edital ao Projeto: Preparando-se para o PPGH
Com o objetivo de estimular os estudantes da Faculdade de História a ingressarem no PPGH, esta oficina buscou orientar os alunos sobre o processo seletivo de 2025, bem como perpassar pontos importantes do Edital nº 002/2024. Desse modo, o objetivo geral consistiu em esclarecer dúvidas sobre o processo seletivo e suas fases. Ademais, evidenciou-se os critérios relevantes avaliados na prova escrita de História, conforme indicado no item 9.4 do Edital. Também destacou-se e discutiu-se os pontos principais para a elaboração do Projeto de Pesquisa, apontados no item 10.3, tal como o Roteiro para Elaboração de Projeto de Pesquisa, presente no anexo VI do Edital. Considerando a importância da integração entre graduação e pós-graduação, a oficina contou com a presença de pós-graduandos, que compartilharam seus percursos e experiências enquanto pesquisadores.
2. Comitê de Ética em Pesquisa UFG
A oficina foi desenvolvida pela Profa. Dra. Rosana Marques, coordenadora do CEP UFG. Os participantes puderam compreender, a partir das suas próprias pesquisas, como submeter projetos na Plataforma Brasil e as diretrizes que norteiam a dimensão ética das pesquisas. Foi um momento importante para a difusão desse trabalho no âmbito da UFG, sinalizando para a importância dessa discussão tanto na graduação quanto na pós-graduação.
3. A arte da memória em imagem: oficina de colagem
A oficina se articulou às atividades do “I Colóquio Internacional História Gráfica". Formas de narrar o passado em quadrinhos e as políticas da representação”. Ministrada por Isadora Portella Conde (FH/bolsista FAPEG), a oficina desenvolveu atividades práticas para refletir sobre as relações entre memória e imagem. Através de exercícios criativos em torno de técnicas como colagem e ilustração, a oficina estimulou uma reflexão sobre o lugar das representações do passado no campo das artes visuais. A oficina resultou em trabalhos expostos nas dependências da Faculdade de História, pensando-o enquanto um espaço de intervenção e que possa ser ressignificado à luz da produção artística.
4. NOVO ENSINO MÉDIO E A BNCC DE HISTÓRIA
A oficina visou explorar a disputa hegemônica de projetos educacionais e de atores da área de educação no ensino médio considerando a consolidação da Lei do Novo Ensino Médio (NEM) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ao analisar a BNCC de História desde 2015 até a versão vigente, buscou-se entender seu alinhamento com o projeto dos reformadores empresariais da educação, sendo uma linha de análise. Outro ponto de análise residiu nas propostas de itinerários formativos. Também foi observada na oficina a hipótese de que o Novo Ensino Médio, os itinerários formativos e as disciplinas eletivas contribuem para a precarização das relações de trabalho, esvaziando a reflexão e a práxis na educação. Também buscou-se a análise documental da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 no que se refere aos itinerários formativos e uma análise aprofundada das diversas versões da BNCC de história.
5. Narrativas em Disputa: O Embaraço das Memórias Coletivas e Individuais sobre Patrimônios Culturais
Com base nas discussões acerca do conjunto de circunstâncias que culminam na patrimonialização de um bem material ou imaterial, é possível assimilar que nem sempre a memória pessoal dos indivíduos integrantes da sociedade, relacionados a este bem, é respeitada quando determinadas referências culturais são colocadas em protagonismo. Contudo, sabe-se que as ações empreendidas no passado são constantemente reivindicadas no presente. Em vista disso, alguns questionamentos devem ser suscitados: é possível, coletivamente, se aprender a recordar e a esquecer sobre narrativas, memórias e patrimônios? Seria qual a localidade mais comum de ocorrência desta atividade? Ademais, como seria possível, vide o exposto, promover sua discussão, digamos, no ambiente escolar? (ASSMANN, 2011; LERIAS, 2022). Acreditamos que episódios de violência simbólica ocorrem no ato de apagar de modo deliberado as lembranças de um povo, gerando, dessa maneira, a problemática do esquecimento involuntário dos demais componentes da comunidade ao deslegitimar as vivências próprias de determinados sujeitos. Dado que, ao retirar a soberania das memórias dos indivíduos, que é o elemento mais importante para a constituição de suas identidades, “na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si” (POLLAK, 1992, p. 5). Isto é, a memória é o elo que conecta o passado e o presente, trazendo consigo a herança da transmissão de experiências, conhecimentos e valores. Eliminar lembranças é um processo caro, pois sua remoção compromete a própria existência de determinados indivíduos, que sem elementos de alteridade, podem não continuar a realmente possuir vida. É neste âmbito que urgem as reivindicações de inclusão e visibilidade provenientes de comunidades marginalizadas, a título de exemplificação. Nesse prisma, a oficina apresentou e promoveu o debate e a reflexão a respeito dos processos de comunicação na cristalização de narrativas, em sua relação com a memória pessoal e pública, partindo dos bens patrimoniais. Defendemos que a disseminação de discursos institucionalizados sobre patrimônios são motivados a incidir nesta fossilização da memória social. De modo a reverberar ainda mais os discursos tidos como “narrativas originais” e resultando, assim, em uma reação em cadeia repetitiva, que corrobora para “homogeneizar” sua legitimação universal. (POLLAK, 1992; MOSCOVICI, 2007). Debates deste tipo, comumente se entrelaçam na disputa de narrativas e consequentemente no campo das Histórias Sensíveis, área que surge para refletir acerca das histórias que envolvam trauma, angústia, violência, medo, entre outros. Assim sendo, impossível seria a maquinação destes conceitos apresentados sem o seu emprego como agente intermediador de ambas as partes aqui mobilizadas, a Comunicação e a Educação Patrimonial, visto que as discussões acerca das questões sensíveis perpassam a memória, e o tempo vigente, “quando a escola é chamada a ensinar o trauma e a violência” (GIL; MESQUITA, 2020, p.4), situando assim esse debate em nossa experiência cotidiana. (VON BORRIES, 2016). Isto posto, e reiterando Alberti (2014, p. 2); “estamos no terreno das memórias em disputa, que tem na escola um de seus palcos políticos talvez mais evidentes. Escolher trabalhar com esses temas implica, como eu disse, correr riscos”. Logo, querer e ter fôlego para que se vá contra a corrente, especialmente em locais de formação educativa de cidadãos, ou seja, as escolas, é comprar briga com a narrativa veiculada e ter claro tal imperativo ser preciso, para que se possa escolher melhor as armas para o combate. Porém, qual a precisão deste conflito? É um dos pontos que se pretendeu discutir para mais nesta oficina.
6. História Ambiental no ensino de história
A História ambiental vem se consolidando desde a década de 70. De acordo com José Augusto Pádua, “o ser humano histórico está tão inescapavelmente imerso na cultura e na linguagem quanto na ecosfera terrestre”. A história ambiental percepciona o mundo desde uma perspectiva ecológica em que humanos e não humanos se afetam mutuamente tecendo uma complexa rede de interações. Neste sentido, esta oficina propôs apresentar algumas importantes dimensões teóricas e metodológicas da história ambiental no âmbito das práticas escolares, seja ampliando os horizontes do saber histórico, seja na produção de alternativas educacionais inter e transdisciplinares. Igualmente, pretendeu-se debater algumas alternativas para esse ensino na sala de aula, e também a utilização de materiais didáticos diversificados capazes de combater o dualismo cultura/natureza. A aula-oficina foi separada em dois momentos: no primeiro momento tratou-se do surgimento da disciplina e de suas bases teóricas metodológicas no Brasil e no Cerrado. No segundo momento abordou-se a história ambiental com foco no ensino de história nas escolas. Apresentou-se algumas alternativas para aplicação da disciplina e ao final foi proposta uma atividade com toda a turma para suscitar debates.
7. A miséria da linguagem: polêmica no SDJB em 1961
Em que estado estava a poesia e a linguagem brasileira na década de 60? Nesta oficina, analisou-se um debate que nasceu em torno da publicação do polêmico texto do crítico José Guilherme Merquior “Miséria de uma linguagem”, em que argumentava um estado de miséria da poesia no Brasil pós geração de 45. O debate se prolongou por semanas no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, que contou com as respostas de Assis Brasil e Roberto Pontual, e duas réplicas de Merquior.
8. “Por que História Medieval?”: potencialidades e contribuições da História Ibérica Medieval na pesquisa e construção de Objetos de Aprendizagem
Como afirmou Rezakhani (2020, p. 19-37), temos uma relação ambígua com a Idade Média. Ora, negada, distante e estrangeira. Ora, é próxima, um passado vivo empregado para os mais variados fins. “As mais vulgares dessas práticas utilizam o procedimento clássico dos paralelos: vociferam Deus Vult e inundam a internet com releituras da ‘descoberta’ do Brasil no âmbito de uma ‘Última Cruzada’”. Assim sendo, é fundamental compreendermos as renovações epistemológicas que vêm ocorrendo no campo da história medieval, nacional e internacionalmente. Segundo, Bertarelli e Amaral (2020, p. 97-130), “as palavras recriar ou reconstruir a idade média referem-se a abordagens diferentes do que àquelas que investigam as permanências do mundo medieval na modernidade ou mesmo na contemporaneidade”. A postura intelectual que busca por permanências liga-se certamente à tradição da historiografia francesa inaugurada por Jacques Le Goff. A chamada longa Idade Média não simplesmente prescinde dos marcos cronológicos tradicionais, mas, sim, centraliza a Europa como paradigma conceitual. Além disso, em grande medida, essa historiografia, vinculada aos grandes modelos analíticos europeus, ainda defende um demasiado estatuto de cientificidade e neutralidade. Questionando essas perspectivas, temos a perspectiva denominada medievalismo. Trata-se de um termo originado do debate que se desenvolve considerando a realidade americana, e as apropriações realizadas à luz de questões contemporâneas. Assim sendo, Leslie Workman, um dos fundadores desse campo de estudos nos Estados Unidos, definiu que “não se trata, portanto, de analisar as reminiscências ou permanências do período, mas estudar o contínuo processo de recriar, reviver, rememorar ou se reapropriar do passado medieval, considerando o processo sempre através da relação com o presente”. A teoria do medievalismo, portanto, não é única, possibilitando falar em medievalismos, porém, conjuntamente, reconhece-se que a Idade Média não é uma temporalidade, mas, sim, um conceito, uma categoria móvel, que pode ser usada em qualquer espaço e sociedade, tendo consciência de que se trata de um período que acabou e que se deseja reviver ou imitar por alguma finalidade. É nessa esteira que se procura evidenciar a pertinência e contribuição desta proposta/oficina. Não visando procurar unicamente “heranças medievais”, mas de pensar as contribuições no processo contínuo de invenção da idade média. O esforço é o de superar o distanciamento criado entre a produção acadêmica e a sociedade. Como frisaram Bertarelli e Amaral (2020, p.122), a constituição de um campo de estudos exclusivo e distante não melhorou em nada a condição de proximidade entre o público amplo e as produções elaboradas pela academia. Se isso tivesse realmente ocorrido, “a nova direita brasileira não teria se apropriado do medievo, através da ideia cruzadística Deus Vult, por trás da qual, cria-se uma continuidade histórica entre a Europa e o Brasil”. O roteiro básico para o encontro consistiu em dois momentos, a saber: primeiramente, discutiu-se o aparato teórico-metodológico mobilizado, enfocando, sobretudo, no Medievalismo e Historiografia Ibérica, para na sequência, efetuar um estudo de caso do objeto de aprendizagem Conquista de Córdoba, a fim de elucidar as possibilidades metodológicas e educacionais partindo da elaboração de um Objeto de Aprendizagem (OA), empregando softwares livres/gratuitos.
9. Voz do Povo? - O uso de jornais na pesquisa histórica
Esta oficina propôs que jornais se tornam fontes significativas ao ensino e à pesquisa histórica, quando aprendemos a refletir criticamente sobre o seu teor e suas circunstâncias de produção. Em um primeiro momento, foram expostos alguns casos, para que posteriormente os participantes buscassem uma publicação de seu interesse e praticassem sua própria análise, a ser compartilhada.